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O que é Ayahuasca?

Atualizado: 28 de out. de 2022


Feitio de Ayahuasca - Céu da Lua Cheia - Itapecerica da Serra/SP

A palavra ayahuasca vem do quéchua, aya – persona, alma, espíritu muerto; waska – cuerda, enredadera, parra, liana, que poderia ser entendida, por exemplo, como "cipó dos espíritos". Refere-se a uma bebida ritualística produzida por meio da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica, o cipó Banisteriopsis caapi (jagube, liana, mariri, yagé ou caapi), que serve como IMAO (inibidores da monoamina oxidase) e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona ou rainha) , que contém o DMT - a Molécula do Espírito (dimetiltriptamina). A Ayahuasca é conhecida também como yagé, caapi, nixi honi xuma, nixi pae, hoasca, vegetal, daime, kahi, natema, pindé, dápa, mihi, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros.

Origens:

A Ayahuasca é tradicionalmente utilizada em países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil, pelos andinos e também por, aproximadamente, setenta e duas tribos indígenas diferentes da Amazônia. Sua consagração acabou se expandindo pelo mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos o Santo Daime, a União do Vegetal, a Barquinha, além de diversos grupos independentes que a consagram em seus rituais (Neoxamanismo).


O uso da Ayahuasca tem origem indígena, porém a partir do fim do século XIX e início do século XX, grande número de trabalhadores, principalmente seringueiros, atraídos pela borracha, vindos de diversas regiões do Brasil, do Peru e da Colômbia entraram em contato com esse psicoativo. A partir desse encontro entre indígenas e ribeirinhos, seringueiros e agricultores, a ayahuasca passou a ser utilizada em novos contextos, caracterizados por influências culturais as mais variadas: catolicismo popular, espiritismo kardecista, magia e esoterismo europeus, cultos afro, entre outros, dando origem a novas e complexas maneiras de uso dessa poderosa medicina da floresta.



Química - ciência e espiritualidade:


A DMT é uma substância presente no corpo humano, produzida pela a glândula pineal, está no sangue, urina e no fluido cérebro-espinhal, ou seja, é uma substância endógena. O DMT também está presente em raízes, caules e folhas de diversas plantas, como em tecidos de mamíferos, animais marinhos e anfíbios. A despeito de ser psicoativo altamente potente, quando a DMT é ingerida isoladamente por via oral, mesmo em altas doses, não produz tais efeitos provavelmente pela metabolização realizada pela MAO (monoamino oxidase) hepática e intestinal. No entanto, quando administrada juntamente com o IMAO, a DMT promove efeitos psicoativos que se estendem desde alterações perceptuais até mudanças emocionais e cognitivas. A inibição da MAO possibilita a ação da DMT ingerida por via oral, pois permite sua chegada ao cérebro. Além disso, pode elevar os níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina, que são neurotransmissores responsáveis pelo bem estar, sensação de felicidade e prazer.


E como que os indígenas descobriram, há séculos atrás, que somente a mistura dessas plantas poderiam causar esse efeito?


A utilização das plantas de poder é uma prática milenar presente em diversas culturas. Historicamente sabe-se que o uso foi extremamente essencial para a evolução humana. Terence McKenna, escritor, orador, filósofo, etnobotânico, psiconauta e historiador de arte, afirma em seu livro Alimento dos Deuses, que o consumo de vegetais e cogumelos auxiliaram os seres humanos potencializando a percepção e inteligência, nos tornando rapidamente capazes de cultivar, construir ferramentas, produzir fogo, entre outros. Posteriormente, estabelecendo uma ponte entre os homens e as suas divindades. Diversos registros e estudos confirmam essa consagração ancestral. Os Essênios já utilizavam plantas de poder em rituais de iniciação. Os índios mexicanos e norte-americanos utilizam o cacto Peiote. Há amplos registros de uso de cogumelos pelos povos da América Central e Ásia. Os registros mais antigos indicam que os Vedas, a 3.100 a.c. já praticavam rituais onde comungavam uma bebida conhecida como “Soma”. Logo depois, em 2.000 a.c. registra-se a utilização da Cannabis pelos Hindus. Na América do Sul temos o uso da Ayahuasca, proveniente dos Incas. No antigo Egito, a utilização de ópio em suas cerimônias.

A proposta básica destes e de diversos grupos que consagram enteógenos é atingir o autoconhecimento e consciência coletiva através de experiências de tipo místico-espiritual, onde por meio de visões e estados de expansão da consciência chega-se a um estado de integração total com o cosmos, com a natureza e com o Criador.


IMPORTANTE: não recomenda-se o uso dessa medicina ancestral sem o acompanhamento de uma pessoa ou um instituto especializado e cerimônias e tratamentos com a ayahuasca. Possui contraindicações. Veja as orientações aqui.


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