O rapé é uma Medicina Sagrada de origem indígena, uma tradição cultural e espiritual dos povos Katukina, Yawanawá, Huni Kui e de outras tribos da região amazônica. Normalmente produzido com Tabaco, cinzas e ervas.
O Tabaco e as ervas são secadas e piladas, e as cinzas são as cascas de árvores queimadas e transformadas em um pó fino. Após esses procedimentos, os pós são misturados de acordo com a cultura e feitio, e é soprado pelas narinas, por intermédio de Instrumentos Sagrados, como o Tepi e Kuripe.
No período de colonização das Américas, os europeus tiveram contato com a Medicina do Rapé através dos nativos, sendo transportado para a Europa, que começou a ser produzido industrialmente pela Espanha no séc. XVI. Por volta de 1.561, a Rainha da França, Catarina de Médici, declara o rapé como uma Erva Real, por tratar suas fortes dores de cabeça. A palavra “rapé” é de origem francesa, que significa “raspar”, pelo ato de moer o Tabaco.
O Rapé indígena não é industrializado, e sim feito com Tabaco natural, rezado e honrado com uma planta ancestral. O Tabaco sempre foi considerado pelos índios como uma Planta de Poder, porém caiu em mau uso pelos brancos, e consequentemente, perdendo sua força e poder original. Devido ao seu uso inconsciente e desrespeitoso, acabou trazendo vícios e terríveis males no organismo, assim como o cigarro comercial.
O Tabaco é considerado uma das plantas mais sagradas do xamanismo, muito poderosa e curativa, se estiver em seu estado original e utilizada da forma correta. Sendo consagrado em um Cachimbo Ritualístico, evocado e ofertado aos Guardiões das Direções Sagradas e ao Grande Mistério, carregando nossas preces para o Universo e ao Plano Espiritual.
Existem estudos que dizem que o rapé tem o poder de ativar o sistema límbico do cérebro, responsável pelas emoções e comportamentos. Ele é usado para relaxar, concentrar, equilibrar, elevar, dores de cabeça, dores de coluna, limpeza das vias aéreas. O rapé também é usado para caçar pelos índios, sendo estimulante, para tirar a “panema” (preguiça, molesas) e na hora da cerimônia do Nixi Pae (ayahuasca), as duas energias se unem e a Força vem com mais luz, mais perfeita e profunda.
A aplicação de Rapé não deve ser realizada de qualquer forma. A pessoa deve saber como se integrar com a Medicina, tendo a consciência que a energia própria influencia na aplicação, podendo trazer experiências positivas ou negativas ao irmão que está recebendo o Rapé. Ou seja, o mesmo rapé aplicado por duas pessoas diferentes certamente não será o mesmo rapé e, assim, o efeito também não será o mesmo.
Existem poucos estudos ou livros sobre a Sagrada Medicina do Rapé, porém muitos irmãos e irmãs de caminhada informam que o Rapé é o Pajé, o professor, o espírito salvaguarda, o curandeiro iluminado pela floresta.
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